79% dos brasileiros percebem maior violência policial contra Negros

Uma pesquisa do Datafolha, divulgada neste sábado (2), revelou que 79% dos brasileiros acreditam que a polícia é mais violenta ao abordar pessoas negras em comparação com brancos. O levantamento também destacou que 28% da população já foi abordada pela polícia, sendo esse índice maior entre pessoas pretas (34%) do que entre pardos (29%) e brancos (24%).
Especialistas apontam que os dados refletem um padrão de racismo estrutural nas forças de segurança. De acordo com o sociólogo Paulo César Ramos, autor do livro Gramática Negra Contra a Violência de Estado, as abordagens policiais frequentemente se baseiam em perfilamento racial, com jovens negros sendo os principais alvos.
“Quando uma instituição não formalmente orientada a agir racialmente opera dessa forma, ela perpetua desigualdades raciais. Chamamos isso de racismo institucional”, explica Ramos. Segundo ele, o fator racial somado ao gênero e à idade torna jovens negros as maiores vítimas de violência policial.
O estudo também revelou que 68% dos pais e mães brasileiros temem que seus filhos sejam vítimas de violência policial. Entre pais e mães negros, esse índice chega a 75%, com 55% relatando “muito medo”. Entre pardos, o percentual é de 70%, enquanto entre brancos é de 61%.
Pais negros relatam orientar seus filhos sobre como agir em caso de abordagem policial. Anita Leite, mãe de um jovem pardo de 16 anos, explica que prepara o filho para essas situações: “Peço que ele ande sempre com o RG e seja cuidadoso. Ele é consciente e questiona desigualdades, mas temo que isso o coloque em risco.”
Quando perguntados sobre o grau de confiança na polícia, em uma escala de 0 a 10, os pretos atribuíram uma média de 5,2, abaixo da média geral de 5,9 e dos brancos (6,1) e pardos (6,0). Entre os pretos, 28% deram notas de confiança entre 0 e 3, demonstrando uma percepção crítica sobre a atuação policial.
O arquiteto Anderson de Almeida, 40, relata a dificuldade em confiar na polícia devido a experiências de preconceito. “Já fui seguido pela polícia em bairros nobres e, para ser ouvido, precisei mencionar que sou arquiteto. Isso deixa marcas profundas”, afirma.
A pesquisa, realizada entre 5 e 7 de novembro de 2024 com 2.004 pessoas em 113 municípios, reacende o debate sobre racismo institucional e a necessidade de mudanças na atuação policial. Para especialistas, a solução passa por reformas estruturais e maior conscientização sobre o impacto do racismo no sistema de segurança pública.
Se você chegar no sul do país e sudeste vocês vão ver que esses números tendem à cair, nós somos uma população de maioria negra , é lógico que seremos maioria em qualquer estimativa, sendo maioria é lógico que estamos presentes em lugares, que terá uma memória branca ,se haver uma abordagem policial, teremos uma maior quantidade de negros abordados, sem contar que pelo mesmo motivo de sermos maioria vamos ter uma maior quantidade de negros envolvidos com o crime.