Sinais “inocentes” que podem custar vidas: Entenda os Símbolos das Facções

A disputa pelo controle do tráfico de drogas na Bahia, envolvendo ao menos 14 facções criminosas, cria uma realidade em que gestos, roupas e até palavras podem colocar vidas em risco. Essa luta pelo poder é sutil, mas perigosamente perceptível, e o caso dos irmãos Daniel Natividade, 24 anos, e Gustavo Natividade, 15, percussionistas do bloco afro Malê Debalê, é um triste exemplo dessa dinâmica. Durante um passeio em Arembepe, em Camaçari, os jovens foram brutalmente assassinados por membros do Comando Vermelho (CV), após serem vistos em uma foto fazendo o sinal de ‘3’ com os dedos — símbolo associado ao Bonde do Maluco (BDM), facção rival do CV. Embora o gesto tenha sido feito sem intenção, os traficantes interpretaram a ação como uma aliança ao BDM, levando à execução dos irmãos.

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O caso expõe o risco que a população enfrenta em áreas onde facções delimitam suas fronteiras de forma agressiva, e até sinais inofensivos podem ser interpretados como demonstrações de lealdade. “Gestos, tatuagens e escolhas aparentemente banais de vestimenta têm se tornado perigosas em regiões controladas por grupos criminosos,” explica o especialista em análise criminal Alden José Lázaro da Silva, autor da cartilha “Linguagens Simbólicas do Crime”.

Tatuagem de identificação da quadrilha Katiara/ Divulgação: Linguagens Simbólicas do Crime

Símbolos e Identificação

Entre as facções que disputam Salvador e Região Metropolitana, Bonde do Maluco (BDM) e Comando Vermelho (CV) se destacam pela influência e pelo uso de gestos específicos para marcar território. O sinal de ‘3’, por exemplo, é amplamente associado ao BDM, enquanto o CV se identifica com o símbolo ‘CV’ e frases como “Tudo 2”, frequentemente exibindo foices e martelos vermelhos. Outros grupos, como Katiara e Comando da Paz, também adotam símbolos próprios. A Katiara, por exemplo, utiliza o pentagrama e a sigla PCRFNK, frequentemente marcados em tatuagens para identificação de membros.

Pixabay/ Arquivo

Cultura e Riscos no Dia a Dia

Até o estilo de roupas pode ser fatal em algumas regiões. Em janeiro, Allisson Cerqueira Nascimento, de 18 anos, foi assassinado ao usar uma camiseta com o personagem Mickey, interpretada como símbolo da facção A Tropa, conhecida também como Ordem e Progresso (OP), aliada do BDM. Facções também apropriam-se de bandeiras nacionais, como as de Israel e Argentina, usadas como marca pelo BDM, dificultando ainda mais a distinção entre cultura popular e códigos criminosos.

Nota assinada pelas facções Bonde do Maluco (BDM) e Terceiro Comando Puro (TPC)

Reflexão sobre Segurança

Em Salvador, cada vez mais pessoas questionam o que é seguro vestir, dizer ou demonstrar em público. Mesmo gírias populares, como “É nois!” ou letras de pagode, podem ser mal interpretadas. Para especialistas, esse contexto exige cautela extrema em áreas vulneráveis, enquanto a população espera por políticas que restabeleçam a segurança e liberdade.

 

 

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