Jornada Pedagógica de Amélia Rodrigues discute desafios e práticas da educação inclusiva

A inclusão foi um dos temas centrais no terceiro dia da Jornada Pedagógica 2025 de Amélia Rodrigues, promovida pela Secretaria de Educação, Esporte e Cultura (SEMEAR). Nesta quarta-feira (12/2), duas rodas de conversa abordaram a temática, reunindo especialistas, educadores e pessoas com experiências diretas com a inclusão no ambiente escolar.

Jornada Pedagógica 2025 em Amélia Rodrigues: Segundo dia reúne educadores para momentos de motivação e aprendizado
Foto: Fala Genefax

A primeira discussão, intitulada “Educação especial na perspectiva inclusiva: (entre) laços, políticas educacionais e práticas pedagógicas”, abordou reflexões sobre a necessidade de práticas efetivas que garantam a inclusão de alunos com deficiências e necessidades específicas. Já a segunda roda de conversa, “Relatos de experiências: percursos escolares, acadêmicos e familiares para uma educação inclusiva”, destacou histórias reais de desafios e conquistas.

Mariana Assis, graduanda em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e autista nível 2 de suporte, falou sobre a sua experiência no evento e a importância das pequenas atitudes que promovem acessibilidade.

Mariana Assis, graduanda em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e autista nível 2 de suporte

“Foi muito lindo para mim quando cheguei e a professora Camila pediu a compreensão do público para que fizessem as palmas em Libras e diminuíssem o barulho. As pessoas respeitaram isso, e eu me senti muito acolhida. Isso tornou a minha estadia aqui muito mais leve, porque eu me sobrecarrego muito quando eu saio de casa e quando eu tenho tantas interações assim. Para além de falar da inclusão, eles estão praticando-a”, relatou Mariana.

Ela também destacou as dificuldades que enfrentou na infância devido à falta de diagnóstico. “Na escola eu ainda não tinha o diagnóstico de autismo, então a inclusão foi muito difícil nesse sentido. Há 20 anos atrás diziam que autismo era coisa de homem, então mulheres não eram diagnosticadas, e eu recebi um diagnóstico errado. A escola foi difícil para mim em termos de inclusão”, disse.

Jornada Pedagógica de Amélia Rodrigues discute desafios e práticas da educação inclusiva – Foto: Fala Genefax

Apesar das barreiras impostas pelo preconceito, Mariana conseguiu se estabelecer profissionalmente como professora e palestrante. Ela relatou ter enfrentado discriminação no mercado de trabalho, mas conseguiu criar seu próprio caminho, mostrando que seu diagnóstico não a define.

 “A gente não pode limitar o indivíduo ao seu diagnóstico, porque a gente é mais do que isso. Eu sou uma pessoa com deficiência, sou autista, mas isso não significa que eu sou só isso. Acho que essa é a parte mais difícil, ter que provar que eu sou capaz, que consigo. Eu tive, como diz o ditado, ‘dar meus pulos’. Sempre tive que me desdobrar para poder mostrar que sim, eu sou capaz, e o meu diagnóstico não me limita.”

Professora e mestra Adarita Silva – Foto: Fala Genefax

A professora e mestra Adarita Silva parabenizou a organização do evento pela abordagem do tema e ressaltou a importância de educadores estarem preparados para incluir alunos com necessidades específicas. “Parabenizo o município e a Secretaria de Educação por promover uma temática tão importante. Os professores estão cada vez mais ansiosos para tentar incluir os seus alunos, e isso é importante dentro das suas necessidades específicas.”

Adarita também enfatizou a necessidade de utilizar terminologias corretas ao se referir a pessoas com deficiência, pontuando que o termo ‘pessoas especiais’ já não é adequado. “Essa nomenclatura existiu há um tempo atrás, mas hoje a gente entende que todos nós somos especiais, independente de ter ou não a deficiência. O correto, de fato, é falar que é uma pessoa com deficiência, e aí você caracteriza com a deficiência ou necessidade específica”, explicou.

Professora e mestra Adarita Silva – Foto: Fala Genefax

A professora destacou que a inclusão não tem receita pronta, pois cada estudante é único e traz desafios específicos. Ela ressaltou a importância de formações contínuas dentro das escolas e do envolvimento das famílias no processo.

“Cada sujeito é único e vai desafiar o gestor, a coordenação, o professor, a partir do que ele traz. A gente tem uma formação macro aqui, que foi promovida pela Prefeitura, mas cada um pode fazer uma formação dentro da sua escola e buscar outras pessoas que discutam, levar as próprias famílias para falar do estudante e ter uma escuta sensível, um olhar sensível para ele”, pontuou.

Clariana Araújo, mãe atípica, participou de uma roda de conversa durante a jornada – Foto: Fala Genefax

Clariana Araújo, mãe atípica, também participou de uma roda de conversa durante a jornada. Ela ressaltou a importância de envolver as famílias na inclusão escolar. “Quando uma jornada pedagógica convida uma mãe para relatar sua experiência, ela está abrindo um canal muito importante. Quem conhece de fato como o seu filho entende e compreende as coisas é a família, então a família precisa passar isso para o professor para facilitar o processo de inclusão.”

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