Família acusa policiais militares de agredir adolescentes no Recôncavo Baiano

A cidade de Salinas da Margarida, no Recôncavo da Baiano, viveu um momento de tensão e preocupação no último mês de janeiro, quando dois adolescentes se tornaram vítimas de uma abordagem policial que, segundo seus familiares, envolveu agressões físicas graves. A denúncia foi feita pela mãe de um dos adolescentes, que afirmou que o filho perdeu 50% da visão após ser agredido pelos policiais.

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O incidente ocorreu no dia 25 de janeiro no distrito de Cairu, quando um adolescente de 15 anos, acompanhado de um amigo de 16 anos, se afastou de uma festa com os pais para, segundo a versão da família, fumar maconha. Durante a ação, os jovens teriam sido surpreendidos por policiais militares, que, conforme relatos dos familiares, partiram para agressões físicas.

Laiane Santos, mãe do adolescente de 15 anos, expressou sua indignação: “Eu estava na festa e eles [os policiais] poderiam me chamar. Poderiam até apreender eles e procurar pelos pais. Mas eu não acho que eles precisavam fazer tudo isso.” A marisqueira também relatou que um capitão da PM teria ameaçado os adolescentes e sugerido que as marcas no corpo dos jovens teriam sido causadas por uma briga, tentando descredibilizar a versão deles sobre a abordagem violenta.

A gravidade da lesão ocular do adolescente de 15 anos levantou preocupações. Segundo a mãe, a lesão resultou em uma perda significativa da visão do garoto, e ela teme pela possibilidade de que ele possa vir a perder a visão completamente, pois, de acordo com a médica, ele já perdeu metade da visão do olho esquerdo.

A família do adolescente de 16 anos, temerosa das ameaças feitas pelos policiais, optou por não registrar a denúncia na polícia. No entanto, a família do outro jovem agredido formalizou a queixa. No Boletim de Ocorrência (BO), os pais relataram que, além das agressões, o adolescente teve o celular e o relógio quebrados pelos policiais.

“Laiane Santos, mãe do jovem de 15 anos, revelou ainda que um policial, que não estava presente durante as agressões mas chegou após o ocorrido, fez ameaças gravíssimas ao garoto. Segundo ela, o policial disse que, se o adolescente fosse ao hospital, ele “daria fim nele”, além de ameaçar invadir sua casa, fazendo com que o jovem se sentisse inseguro a ponto de não querer mais voltar para casa.

Em relação à saúde do filho, a marisqueira desabafou sobre a difícil situação financeira da família: “Ele precisa fazer quatro exames. Não temos condições para isso. Sem contar que ele precisa também fazer uma cirurgia nas vistas. Como é que fica essa situação? Estou preocupada dele perder a visão total, porque metade da visão, praticamente, a médica falou que já foi perdida.”

O caso está sendo investigado tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Militar. Durante o andamento das investigações, os policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas e serão alocados em atividades administrativas até que a apuração seja concluída.

Além disso, o caso destaca um ponto importante relacionado à legislação. Em junho de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o porte de maconha para consumo pessoal dentro de limites de até 40 gramas. Isso significa que o usuário não deveria ser preso nem processado, algo que gera questionamentos sobre a abordagem violenta, especialmente levando em conta que a polícia teria agido de maneira desproporcional em uma situação que, segundo a lei, não configura crime passível de prisão.

 

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