Facções substituem olheiros por câmeras clandestinas instaladas em postes

Polícia removeu mais de 30 câmeras apenas neste ano

Em Salvador, o tráfico de drogas tem adotado uma nova estratégia para monitorar moradores e antecipar a presença de policiais. Nas áreas da Federação, Centro, Subúrbio Ferroviário e Vila Verde, facções criminosas estão substituindo os tradicionais “olheiros” por câmeras clandestinas instaladas em postes para vigiar as comunidades e prever a chegada de viaturas. Essas câmeras são colocadas dentro de caixas de internet para disfarçar sua presença, uma tática que vem dificultando o trabalho das autoridades.

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De acordo com um policial que atua na Federação, a polícia removeu mais de 30 câmeras apenas neste ano. “Eles tentam esconder, mas conseguimos identificar. O problema é que, mesmo depois de retiradas, as câmeras são reinstaladas em pouco tempo”, relata o policial, destacando que esses equipamentos são geralmente colocados perto de pontos de tráfico ou em locais com boa visibilidade para monitorar a chegada da polícia.

Um exemplo recente ocorreu na Rua Mata Maroto, onde uma câmera foi removida há três meses, mas há registros de novas instalações frequentes, especialmente em áreas onde a facção Bonde do Maluco (BDM) tem presença. Em bairros divididos entre o BDM e o Comando Vermelho (CV), como o Engenho Velho da Federação, o monitoramento é estratégico. Na Rua Apolinário de Santana, uma câmera posicionada no fim de linha monitora a chegada de viaturas a uma distância considerável.

A expansão das câmeras clandestinas já gerou uma resposta das autoridades. Uma operação no Subúrbio Ferroviário, em áreas como Alto de Coutos, Coutos, Mirantes de Periperi e Rio Sena, resultou na remoção de mais de 20 câmeras ligadas ao tráfico. Segundo um policial que atuou na operação, essas ações são realizadas para evitar a reinstalação dos equipamentos e manter o controle sobre o monitoramento clandestino nas ruas.

Situações semelhantes ocorrem em Mussurunga e São Cristóvão, onde, apenas no último ano, foram retirados seis conjuntos de câmeras durante diligências policiais. Os equipamentos, muitas vezes escondidos, dificultam a identificação pelas forças de segurança.

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) foi procurada para fornecer dados sobre o número de câmeras desarticuladas em Salvador entre 2023 e 2024 e sobre possíveis projetos de combate a essa prática. No entanto, até o fechamento da reportagem, a SSP-BA não havia respondido.

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