Terreiro de candomblé é alvo de ataques de policiais; altares sagrados foram destruídos

O Terreiro de candomblé ‘Unzó Matamba Jisimesi’, da nação Angola, em Barra de Pojuca, Monte Gordo, município de Camaçari, está em estado de sítio há mais de um mês após ação de um policial civil e um policial militar, que de acordo com denúncia disputam a posse do local.
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Para que os homens tivessem acesso ao terreiro, portas e fechaduras foram danificadas. Os policiais são irmãos biológicos do fundador do templo, criado no ano de 1979 em Lauro de Freitas e posteriormente transferido para Monte Gordo no ano de 2000.
Os homens são acusados de intimidar os filhos de santo e frequentadores, desde o último dia 6 de janeiro, usando a condição de policiais para a intimidação. Procedimentos religiosos do dia a dia estão suspensos, já que cadeados e correntes foram instalados para bloquear acesso e um vigia foi colocado no local.
O terreiro possui registro como associação da sociedade civil, porém o estado de saúde do sacerdote anterior impediu que ainda em vida transferisse a titularidade do imóvel para o CNPJ da instituição.
Agressões físicas e psicológicas fora denunciadas por Pai Clóvis, irmão dos policiais, o que motivou a mudança do terreiro para outro município.
O Coletivo de Entidades Negras (CEN), que estuda os meios jurídicos para garantir o funcionamento do terreiro, acompanha o caso. Marcos Alan da Hora Brito, coordenador-jurídico do CEN diz que o caso se mostra grave prática de racismo religioso, o que pode enquadrar os autores dos atos violentos também em outros crimes.
“Estamos diante de um caso de racismo religioso, o que já é grave, mas o uso da força e da prerrogativa de PM para coagir fiéis de uma religião pode gerar a tipificação dos autores em outros crimes e também promover processos administrativos disciplinares contra eles internamente na Polícia Militar da Bahia”, reforça outro jurista do CEN, o advogado Márcio Ferreira.