Pastor é acusado de liderar esquema do Comando Vermelho
Investigação aponta uso de fachada religiosa para extorquir empresas e controlar trabalhadores na Baixada Fluminense

Durante anos, Cláudio Correia da Silva, de 52 anos, circulou como liderança religiosa e comunitária nos bairros próximos à Refinaria Duque de Caxias (REDUC). Conhecido como Pastor Cláudio, ele participava de cultos, conversava com empresários e atuava como porta-voz de moradores. Mas, segundo a Polícia Civil, essa imagem servia para encobrir uma atuação muito diferente: a de principal operador de um esquema do Comando Vermelho (CV) voltado a dominar empresas, contratos e empregos na região.
A investigação aponta que Cláudio atuava ao lado de Joab da Conceição Silva, apontado como chefe do tráfico na área, impondo normas, exigências e cobranças da facção ao polo industrial. Empresas eram alvo de taxas semanais entre R$ 50 mil e R$ 100 mil, além de ordens sobre processos seletivos, determinações de contratações e ameaças caso resistissem.
Relatos coletados pela Polícia Civil incluem pressões diretas, proibição de circulação de caminhões, imposição de funcionários ligados ao crime e represálias, como bloqueios, agressões e incêndios em veículos.
O nome de Cláudio voltou ao centro das investigações nesta quarta-feira (26), quando a Operação Refinaria Livre cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão contra integrantes da quadrilha. A ação foi conduzida pela DRE, DRE-BF e 60ª DP.
Embora ele já estivesse preso há duas semanas por outra ocorrência, um novo mandado relacionado ao inquérito atual foi cumprido. Cláudio possui quatro anotações por roubo.
Segundo o delegado Moyses Santana, o falso pastor visitava pessoalmente empresas para transmitir ordens da facção e negociar contratações impostas. O grupo ainda articulava protestos simulados, greves forjadas e atuação através de sindicatos de fachada para pressionar o setor industrial.
Há indícios de que o Comando Vermelho planejava lançar Cláudio como candidato a vereador para ampliar sua influência política.

O inquérito também identificou um esquema de “rachadinha”, no qual funcionários indicados pelo grupo eram obrigados a entregar parte dos salários. A coleta era feita por subordinados de Cláudio e Joab — um deles, Cleiton, foi preso durante a operação como responsável pela arrecadação.
No total, houve três prisões, sendo duas diretamente ligadas ao esquema e uma em flagrante por tráfico. Permanecem foragidos:
Joab, chefe do tráfico na região;
Alexandre;
Elisamã.
As investigações, iniciadas há cerca de um ano e meio por denúncias de empresários, agora avançam para rastrear fluxos financeiros e possíveis práticas de lavagem de dinheiro.
Apesar de manter o título de pastor para conquistar confiança e abrir portas, Cláudio já não atuava mais na igreja que frequentou no passado. Para evitar prejuízos à instituição, a Polícia Civil optou por não divulgar o nome da igreja, reforçando que ela não tem relação com o esquema criminoso.
A investigação segue em andamento para identificar novos envolvidos e dimensionar o alcance da rede criminosa.
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