Mães de mortos no Rio relatam frustração ao tentar impedir que filhos entrassem para o crime
Entre os 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, histórias de jovens que trocaram sonhos por ilusões do crime

Desde quarta-feira, a porta do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro se tornou o ponto de encontro da dor e do luto. Entre dezenas de famílias que aguardam a liberação dos corpos, estão mães que perderam filhos na operação mais letal da história do estado, que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.
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Nos relatos, uma dor comum: a culpa, o amor e o arrependimento tardio. São mulheres que viram os filhos ainda adolescentes se afastarem de casa, seduzidos pela promessa de dinheiro fácil e respeito nas áreas dominadas pelo tráfico. Hoje, lutam para reconhecer os corpos e garantir ao menos um último adeus.

Entre elas, está a mãe de Thiago Ribeiro Pareto Barbosa, de 28 anos, que não via o filho há oito. “Dei educação, dei casa, dei tudo. Ele acreditou nessa ilusão de poder e acabou tragado por ela”, contou, emocionada.
Outra mãe, de Kauan de Souza, de 18 anos, descreveu a busca desesperada no meio da mata após o confronto: “Eu gritava o nome dele achando que ainda podia sair vivo. Ele só queria ser visto, ser alguém importante.”

E há também o relato de Wellington Brito, de 20 anos, morto com um tiro na cabeça. “Meu filho podia estar preso, mas vivo. Eu gritei para a polícia: ‘Leva preso, não mata!’. Mas não me ouviram”, disse a mãe, que passou dias acampada na frente do IML.

Entre lágrimas, essas mulheres — mães de vítimas e de sobreviventes de uma mesma guerra — compartilham o mesmo sentimento: o de que, em meio à violência que domina as comunidades, a juventude segue sendo a principal vítima.
“Somos mães. Só queríamos que nossos filhos tivessem a chance de recomeçar. Não de morrer tão cedo”, desabafou uma delas, à espera do corpo do filho.
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