Metanol em bebidas: apenas testes de laboratório confirmam a presença de ‘substância traiçoeira’

Não adianta cheirar, provar ou observar a garrafa: o metanol não se distingue do álcool comum e só pode ser detectado em testes de laboratório. Essa “camuflagem” faz com que seja chamado de “substância traiçoeira” — perigosa justamente por enganar os sentidos e provocar sequelas graves mesmo em pequenas quantidades.

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Especialistas explicam que a substância não apresenta diferença de sabor, cor ou textura. Ela passa totalmente despercebida pelo paladar e se dissolve muito bem em água e em álcool etílico.

Tóxico apenas após metabolizado

 A toxicidade do metanol aparece apenas após o fígado processar a substância. No organismo, a enzima álcool desidrogenase (ADH) transforma o metanol em formaldeído, um composto altamente reativo. Em seguida, esse formaldeído é convertido em ácido fórmico, que se acumula no sangue.

O ácido fórmico é o principal responsável pela acidose metabólica severa (quando o sangue fica excessivamente ácido) e pelos danos às mitocôndrias, prejudicando a produção de energia das células. É ele também que ataca diretamente o nervo óptico, podendo causar cegueira, e que compromete órgãos vitais, como rins, pulmões e cérebro.

Para piorar, o início da intoxicação é muito parecido com os sinais de uma bebedeira ou ressaca causada pelo álcool etílico tradicional. Apenas sintomas de visão turva e dor abdominal não são comuns em casos de embriaguez. Por isso, no caso desses sintomas desproporcionais, o indivíduo já pode procurar uma emergência o mais breve possível.

A intoxicação por metanol não pode ser tratada em casa e, quanto antes for feito o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de sobreviver. Mas sequelas como cegueira podem ser permanentes, até mesmo em casos de baixa concentração.

Quais são os sintomas da intoxicação causada por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas

Confira as orientações das autoridades em saúde e da polícia, enquanto as investigações estão em andamento:

  • Exija nota fiscal: o documento tem informações de identificação do fornecedor e ajuda na rastreabilidade do produto, sendo uma garantia para o consumidor em eventual reclamação;
  • Desconfie de preços muito baixos;
  • Procure estabelecimentos conhecidos;
  • Atenção às embalagens (confira se estão lacradas);
  • Não reutilize garrafas.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes afirma que a falsificação e adulteração de bebidas são crimes graves contra o consumidor, que colocam em risco a saúde da população e geram prejuízos diretos aos estabelecimentos sérios e comprometidos com a legalidade.

Além de alertar os estabelecimentos sobre os sinais de adulteração — como preços muito baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes — a

Abrasel recomenda que garrafas vazias sejam inutilizadas (quebradas) antes do descarte, impedindo que sejam reaproveitadas por falsificadores para enganar consumidores com produtos adulterados.

A Abrasel lamenta que a atuação preventiva das autoridades ainda seja insuficiente. “A entidade reforça que ações de fiscalização em fábricas ilegais, como a que foi fechada em São Paulo, são fundamentais para conter esse tipo de crime. A fiscalização de distribuidoras e empresas também seria altamente eficaz, pois nenhum dono de bar ou restaurante agiria de má fé sabendo da possibilidade de contaminação e dos riscos envolvidos”, diz a entidade, em nota.

Sintomas da intoxicação por metanol

Os sintomas de alerta costumam aparecer entre 10 e 12 horas após a ingestão, mas podem surgir em até 48 horas após o consumo. Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%. Se o socorro for rápido, a mortalidade pode ser de menos de 10%, explica a médica intensivista, emergencista e presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Patrícia Mello.

Sintomas e ação

O primeiro órgão a ser atingido é o fígado, que transforma o metanol em outras substâncias que atingem a medula e o cérebro, provocando os sintomas. O sangue fica ácido e o nervo óptico também pode sofrer lesões. O metanol provoca ainda insuficiência pulmonar e ataca os rins.

Nas primeiras 10 ou até 12 horas, os sintomas podem até se parecer com as consequências de uma embriaguez normal. Por isso, se os efeitos persistem ou se agravam, é preciso suspeitar da intoxicação. Se perceber visão borrada ou turva mesmo em período menor, já é possível suspeitar de intoxicação e procurar quanto antes a emergência.

Entre os sintomas iniciais da intoxicação por metanol, estão:
  • Dor de cabeça intensa;
  • Alterações de consciência;
  • Náusea;
  • Dor abdominal;
  • Vômito;
  • Vertigem;
  • Sintomas visuais como a visão borrada, fotofobia, escotoma (ponto cego ou mancha escura) e até a perda súbita da visão
  • Se a ingestão for muito intensa e muito rápida, o indivíduo pode evoluir rapidamente para um coma.

Se o paciente tiver histórico de ingestão de bebida ou de alguma fonte duvidosa de algum líquido, deve relatar, para que o médico suspeite da intoxicação.

 

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