Padre é acusado de intolerância religiosa: ‘Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?’
Durante missa transmitida ao vivo, sacerdote Danilo César afirmou que orixás não ressuscitaram a cantora e criticou fiéis que recorrem a religiões de matriz africana.

Um vídeo gravado durante uma missa na cidade de Areial, no interior da Paraíba, viralizou nas redes sociais e gerou revolta ao mostrar o padre Danilo César, da Paróquia local, fazendo declarações consideradas ofensivas e discriminatórias contra religiões de matriz africana. O sacerdote foi acusado de intolerância religiosa após debochar da fé da cantora Preta Gil, que faleceu no último dia 20, aos 50 anos, vítima de um câncer.
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Durante a homilia, realizada no domingo (27), o padre questionou os orixás por, segundo ele, não terem “ressuscitado” a artista. “Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse em tom de escárnio.
As críticas se estenderam aos próprios católicos que, segundo o sacerdote, recorrem a outras crenças. “E tem católico que pede essas coisas ocultas. Eu só queria que o diabo viesse e levasse. No dia seguinte, quando acordar com calor no inferno, vai ver o que fez”, afirmou.
O vídeo da missa foi inicialmente publicado no canal da Paróquia no YouTube, mas retirado do ar após a repercussão negativa. Trechos da fala, no entanto, foram amplamente replicados nas redes sociais, gerando indignação de líderes religiosos e internautas.
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A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza divulgou uma nota de repúdio contra as declarações do padre e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil da Paraíba. O presidente da associação, Rafael Generino, também informou que levará o caso ao Ministério Público da Paraíba (MPPB).
“Deus é amor e respeito ao próximo, onde infelizmente esse senhor que se diz sacerdote prega o ódio e o preconceito e ainda amedronta em pleno culto em sua igreja”, diz a nota da entidade, que cobra uma retratação pública e ações concretas contra o avanço da intolerância religiosa no país.
O episódio reacende o debate sobre o respeito às diferentes expressões de fé no Brasil, país laico que enfrenta recorrentes casos de violência simbólica e física contra religiões de matriz africana. Até o momento, a Diocese responsável pela paróquia não se manifestou oficialmente.
