Família denuncia negligência que resultou na morte de jovem com deficiência na Policlínica de Humildes

Na madrugada desta quarta-feira (23/4), a comoção e a revolta tomaram conta na entrada da Policlínica do distrito de Humildes, em Feira de Santana. Familiares de Jefferson Oliveira dos Santos, de 25 anos, acusam a unidade de saúde de negligência no atendimento e na demora na transferência do jovem para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), o que, segundo eles, resultou em sua morte.
Portador de deficiências intelectual Jefferson que também fazia o uso de medicação controlada deu entrada na unidade de saúde por volta das 13h da terça-feira (22), apresentando sintomas de diarreia e desidratação. Segundo os parentes, apesar do bom atendimento inicial pelas enfermeiras, o processo de regulação e transferência foi marcado por atrasos e descaso.
A prima de Jefferson, Bruna da Silva Nunes Bacelar, relatou que, após a aplicação de soro e medicação, o jovem teve um mal súbito e foi encaminhado à sala de UTI da unidade. “Ele estava consciente, mas já com dificuldade respiratória. Colocaram no oxigênio, monitoraram a pressão e o pulso, mas a hérnia que ele já possuía havia se deslocado, causando dor intensa na virilha. Mesmo assim, ele continuava consciente e respondendo às perguntas.”
De acordo com Bruna, a regulação para transferência do jovem ao Clériston Andrade só foi viabilizada com a ajuda de vereadores e terceiros. “A policlínica não mostrou o mínimo esforço. Fomos nós que corremos atrás, porque ele precisava de uma ambulância com UTI móvel e aqui não tinha.”
A família afirma que, mesmo após a regulação ser autorizada, a ambulância adequada não chegou à unidade. “Ligamos para a SAMU por conta própria, porque aqui ninguém dava uma posição. Eles nos disseram que todas as UTIs móveis estavam ocupadas, mas só soubemos disso por terceiros, nunca por uma explicação oficial da unidade”, relatou Bruna.
Segundo a prima, após mais de 10 horas de espera chegou uma ambulância sem identificação de UTI móvel, sem equipe médica especializada e sem os equipamentos necessários. “Eles simplesmente entraram na sala, não procuraram ninguém da família. Pouco depois vimos que estavam fazendo massagem cardíaca manual. Como é que um paciente naquela condição é tratado dessa forma? Agora, Jefferson está morto. Entraram na sala, tentaram reanimá-lo, mas quando chamaram a família, foi apenas para dizer que ele morreu.”
Diante da situação, familiares e amigos do jovem cobram respostas da gestão da unidade e das autoridades de saúde. A comunidade pede apuração rigorosa do caso para que os responsáveis sejam responsabilizados.
Até o fechamento desta matéria, a direção da Policlínica de Humildes e a Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana ainda não haviam se pronunciado oficialmente sobre o caso.
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