PMs, rifeiros e facção criminosa: como funcionava o esquema que lavou mais de R$ 500 milhões com rifas ilegais

Uma megaoperação da Polícia Civil da Bahia revelou os bastidores de um sofisticado esquema criminoso que movimentou mais de R$ 500 milhões com rifas ilegais e tráfico de drogas. A segunda fase da Operação Falsas Promessas, deflagrada no último dia 9 de abril, expôs a ligação direta entre influenciadores digitais, policiais militares e a facção Comando Vermelho (CV).

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O grupo criminoso, dividido em dois grandes núcleos — Contravenção e Tráfico de Drogas — lavava dinheiro, financiava ações criminosas e ostentava patrimônio de luxo. Ao todo, 27 pessoas foram presas, incluindo sete PMs e nomes conhecidos das redes sociais, como o influenciador e policial Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, o “Tchaca”, alvo de prisão preventiva.

No topo da organização está o traficante Victor da Silva Moreira Paulo, o “Victor Cabeludo”, foragido da Justiça e apontado como integrante do Comando Vermelho. Com apoio de Igor Carneiro Correia, ele estruturou o chamado “Núcleo do Tráfico”, responsável por abastecer a rede de drogas da Bahia e outros estados, como Goiás, Paraná e Ceará.

Para lavar o dinheiro do tráfico, o grupo criou uma rede de empresas de fachada e usava rifas digitais ilegais como fachada para movimentações milionárias. A ponte com o “mundo legal” vinha por meio de influenciadores digitais e policiais militares, que davam aparência de legalidade ao esquema e ajudavam a proteger a operação.

Entre os militares envolvidos estão os nomes de Valdomiro Maximiano, Antônio César de Jesus, Edson Paim, Almir Barradas Neto, Alan dos Santos Souza, Adilson Barbosa e o próprio Tchaca, conhecido por vídeos nas redes sociais e participação em operações policiais polêmicas, como a chacina do Cabula.

O “Núcleo da Contravenção” operava principalmente pelas redes sociais. Influenciadores digitais sorteavam carros de luxo, celulares e dinheiro em espécie, movimentando cifras milionárias sem qualquer regulamentação legal. A operação tinha como líderes Nanan Rifas (José Roberto Nascimento) e sua esposa Gabriela Silva, que juntos movimentaram mais de R$ 90 milhões — inclusive usando a conta bancária do filho menor de idade para esconder a origem ilícita dos valores.

Outros nomes como Ramhon Dias, Franklin Reis, Jefferson Pereira, Jamile Nunes, Josemário Lins e Daniel Alves da Silva também atuavam como operadores de rifas, muitos deles ligados diretamente ao líder Victor. Boa parte dos valores arrecadados era reinvestida no próprio esquema: imóveis de alto padrão, veículos como Lamborghini, Porsche e Tesla, lanchas e até armas escondidas em banheiras de luxo.

A operação é coordenada pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD) e se baseia em relatórios bancários, fiscais, interceptações telefônicas, documentos apreendidos nas buscas e confissões durante interrogatórios.

As investigações também revelaram uma estrutura de lavagem de dinheiro interestadual, com conexões e repasses entre Bahia, Goiás, Paraná e Ceará, sempre operando com pessoas de confiança e uso de “laranjas”.

Na manhã desta quarta-feira (16), começou a audiência de instrução na Vara de Organização Criminosa, com os réus sendo ouvidos pelo juiz Waldir Viana. A expectativa é que o caso siga avançando com novos desdobramentos, inclusive com prisões de foragidos como Victor Cabeludo e Daniel Alves da Silva, apontado como “laranja” no esquema de rifas em Juazeiro.

 

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