Boatos sobre alinhamento planetário se multiplicam nas redes sociais; entenda
2025 promete ser um ano repleto de eventos astronômicos, como chuvas de meteoros, eclipses solares e lunares, superluas e conjunções planetárias. Porém, recentemente, nas redes sociais têm circulado informações confusas sobre um suposto “alinhamento planetário raro” que estaria acontecendo em janeiro. Mas o que realmente ocorre no céu, e como os astrônomos explicam esse fenômeno?
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A ideia de que planetas como Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno estariam perfeitamente alinhados no céu é falsa. De acordo com a astrônoma Josina Oliveira do Nascimento, do Observatório Nacional (ON), não há nenhum alinhamento de planetas em janeiro nem em fevereiro.
Na realidade, o que ocorre é uma grande visibilidade desses planetas no céu, especialmente ao entardecer. A partir de meados de janeiro e até fevereiro, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno podem ser vistos a olho nu logo após o pôr do sol. Urano e Netuno também estão visíveis, mas requerem telescópios devido à sua distância e luminosidade fraca.
O fenômeno da “visibilidade planetária”
Embora esses planetas apareçam ao mesmo tempo no céu, isso não significa que estão alinhados. Eles seguem trajetórias orbitais diferentes e estão em planos distintos. A confusão surge porque esses astros podem parecer próximos uns dos outros a partir da nossa perspectiva na Terra, mas isso é apenas uma ilusão de ótica.
Marcos Rogério Calil, doutor em História da Ciência e astrônomo da Urânia Planetário, explica que todos os planetas do Sistema Solar seguem uma linha imaginária chamada de “eclíptica”, que é o caminho do Sol no céu. Isso cria a ilusão de um alinhamento, mas, na prática, os planetas estão em diferentes posições em suas órbitas.
O fenômeno não ocorre em um único dia específico. A visibilidade dos planetas está acontecendo de forma contínua desde o início de janeiro e continuará até o começo de fevereiro. O horário ideal para observar é cerca de 30 minutos após o pôr do sol. Dependendo da sua localização, o céu escurece em momentos diferentes, então é importante ajustar a hora para uma boa visualização.
Para observar, basta olhar para o oeste, onde estarão Vênus e Saturno, e em seguida para o norte, para ver Júpiter e Marte. A partir de fevereiro, Mercúrio também começará a ser visível logo após o pôr do sol.
Onde observar os planetas?
O melhor local para a observação é um ponto com boa visibilidade do horizonte oeste, sem obstruções como prédios ou montanhas. Além disso, a poluição luminosa das cidades pode dificultar a visão, por isso é ideal buscar locais mais afastados das luzes artificiais.
De acordo com Josina, apenas quatro planetas são visíveis a olho nu: Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Já Urano e Netuno, devido à sua distância e pouca luminosidade, só podem ser vistos com o auxílio de telescópios.
Embora a visibilidade de planetas ao mesmo tempo não seja tão rara quanto se imagina, ela se tornará mais notável em eventos como o de setembro de 2024, quando seis planetas estarão visíveis antes do nascer do sol. Em agosto de 2025, haverá outra configuração semelhante, com vários planetas visíveis antes do amanhecer.
Portanto, a visibilidade de planetas é um evento contínuo e, embora seja uma experiência empolgante, a ideia de um “alinhamento perfeito” é um mito que deve ser desfeito.
