Presidente da AL-BA admite medo dos deputados em apreciar caso Binho Galinha no Conselho de Ética

O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Adolfo Menezes (PSD), revelou nesta terça-feira (3/12) que deputados estaduais têm expressado receio em avançar com o processo contra o parlamentar Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha (PRD), no Conselho de Ética da Casa. Binho é acusado de liderar uma organização miliciana em Feira de Santana, segundo investigações do Ministério Público da Bahia (MP-BA), e responde como réu em um processo judicial decorrente da Operação El Patrón.
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Para Menezes, a gravidade do caso gera uma sensação de insegurança nos parlamentares. “A questão é o receio pela gravidade do problema. Medo”, afirmou o presidente, que descreveu a situação como um reflexo da complexidade do sistema legislativo e da imunidade parlamentar. “O Congresso, ao buscar preservar a imunidade, acaba protegendo casos que não deveriam ter tal cobertura. Por que não mudam as leis?”, questionou.
Menezes defendeu que crimes graves, como os atribuídos a Binho Galinha, não deveriam ser protegidos pela imunidade parlamentar, sugerindo que isso dificulta a tomada de medidas judiciais mais contundentes, como prisões. “Se três juízes já ‘correram’ de julgar o caso, como é que vamos nos envolver? Eles têm medo, e eu não tiro a razão deles. Quem quer ser herói num país onde gente mata como se fosse barata?”, ponderou.
As denúncias contra Binho Galinha e seu grupo surgiram no âmbito da Operação El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023. Segundo o MP-BA, ele liderava uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro, ameaças e atividades econômicas ilícitas. Até setembro deste ano, a operação já havia cumprido 10 mandados de prisão preventiva, bloqueado mais de R$ 200 milhões e sequestrado 26 propriedades. Entre os presos, estão a esposa de Binho, Mayana Cerqueira, seu filho João Guilherme e o assessor parlamentar Bruno Borges.
Além disso, investigações da Receita Federal apontaram inconsistências fiscais, movimentações financeiras incompatíveis e indícios de lavagem de dinheiro por parte do grupo. Em uma década, a organização teria movimentado cerca de R$ 100 milhões.
Apesar da gravidade das acusações, o caso está paralisado no Conselho de Ética da AL-BA. A situação, segundo Menezes, reflete o temor dos parlamentares e a ausência de um sistema jurídico que facilite o enfrentamento de crimes envolvendo figuras públicas. “Esperam a Justiça agir, mas o medo predomina. É um impasse”, admitiu.