Jovem é morto durante ação policial; familiares acusam a PM de chegar atirando

Um jovem de 18 anos, identificado como Alex Silton de Oliveira, foi morto a tiros na noite da terça-feira (15/10) no bairro do IAPI, em Salvador. Familiares de Alex acusam a Polícia Militar de ter chegado atirando na localidade da Rocinha, onde o jovem, que trabalhava como motoboy, estava na porta de casa. A PM, por outro lado, afirma que a equipe foi recebida a tiros e reagiu, resultando na morte de um suspeito.
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De acordo com os familiares, Alex não tinha envolvimento com o crime. Eles afirmam que ele estava em frente à sua residência, prestes a pegar uma mochila para iniciar o trabalho da noite, quando foi atingido por três disparos na cabeça. “Eles chegaram atirando, nem perguntaram nada. Mataram meu filho na porta de casa”, desabafou Alexandre, pai de Alex.
Após o incidente, moradores da região organizaram um protesto na Avenida San Martin, indignados com a morte do jovem. A revolta tomou conta do bairro, e a versão da polícia é contestada por quem conhecia Alex.
Em nota, a Polícia Militar relatou que a equipe da 37ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) realizava uma ação de intensificação da segurança na Rocinha da Divinéia quando avistou um grupo de suspeitos armados. Segundo a PM, houve uma troca de tiros, e Alex foi encontrado ferido após o confronto. Ele foi socorrido para uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.
Ainda de acordo com a polícia, um revólver calibre 32, munições, porções de crack e cocaína foram apreendidos com Alex, materiais que foram encaminhados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação.
A família de Alex contesta a versão oficial e afirma que o jovem não era envolvido com o tráfico de drogas. Alexandre, pai da vítima, desabafou emocionado: “Eles estão dizendo que meu filho era traficante, que tinha vulgo. Eu quero provas”, disse. Ele afirmou ainda que policiais ignoraram os pedidos da mãe de Alex, que implorou para que não matassem o filho, antes de ele ser baleado.
Alexandre também denunciou ameaças feitas por policiais a outro filho, de 16 anos. Segundo ele, os policiais teriam dito ao jovem: “Você é irmão do que a gente já matou, né. Você vai ser o próximo. Vigie”. O pai pediu proteção para o filho e prometeu buscar justiça: “Podem vir me matar, porque já me mataram. Vou procurar a Corregedoria, nem que seja a última coisa que eu faça”, declarou.
A Polícia Militar informou que até o momento não foi registrada nenhuma denúncia formal de ameaça contra o outro filho de Alexandre, mas reiterou que os canais de denúncia, como a Ouvidoria do Estado e a Corregedoria da PM, estão disponíveis para registros.
Em nota, a PM reafirmou seu compromisso com a ética e a transparência, garantindo que todas as denúncias de conduta irregular por parte de seus agentes serão rigorosamente investigadas. “A PMBA reitera que nenhuma conduta à margem da legalidade será tolerada, e as medidas cabíveis serão adotadas, respeitando o devido processo legal e o direito à ampla defesa”, finalizou a corporação.
O caso segue sob investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).