Menino baleado em confronto presenciou PM atirar na mãe: “vi ela subindo para o céu”

A criança de cinco anos que foi baleada durante uma ação policial no bairro de Brotas, em Salvador, e perdeu a visão de um olho, contou que presenciou o momento em que os policiais atiraram em sua mãe e que já sabia que ela tinha morrido porque viu ela “subindo para o céu e os anjos limpando o sangue dos pés dela”. O relato foi repassado pela irmã do menino nesta quinta-feira (13/10). O caso ocorreu na localidade conhecida como Brongo, no dia 30 de setembro.
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“Ele relatou que não era para esconder dele que a mãe tinha morrido porque ele sabia que ela estava morta. Ele disse: ‘eu vi na hora que os policiais atiraram em minha mãe, vi ela subido para o céu com os anjos limpando os pés dela de sangue”, contou Vitória Santos, de 23 anos, irmã do menino. “Ele disse que os mesmo policiais que mataram minha mãe também atirou nele e levou ele para o hospital”, acrescentou.
A mãe do menino, identificada como Catimile dos Santos Bonfim, tinha 37 anos e saía de casa com o filho, Luís, e com uma filha de quatro anos, Mel, em direção em uma igreja na comunidade conhecida como Brongo, quando foram atingidos com os disparos. Vitória contou que a mãe conseguiu empurrar a filha no momento dos disparos, mas que não conseguiu se salvar ou tirar o outro filho do local. Ela morreu na hora e o menino foi socorrido por policiais militares para o Hospital Geral do Estado, onde passou duas semanas internado.
“Quando eles já estavam na entrada da igreja, os policiais invadiram o Brongo atirando. Minha mãe ainda gritou: ‘aqui tem criança’, mas eles mesmo assim atiraram. Ela empurrou a minha irmã, mas não deu tempo de empurrar meu irmão. Os policiais alegam que foi troca de tiro, mas não teve isso”, relatou a filha de Catimile.
O filho de Catimile perdeu a visão de um olho e teve 80% do outro afetada. Mesmo após ter recebido alta, uma das balas ainda está alojada na testa de Luís. Irmã mais nova, Mel também viu o ocorrido. “Ela acorda todos os dias assustada lembrando do que aconteceu. O nosso advogado conseguiu psicólogo para eles”, comentou Vitória.
O advogado da família, Marinho Soares, afirmou que está esperando os resultados da perícia para entrar na Justiça. “Eu tenho que esperar, não tenho provas o suficiente de que os policiais atiraram neles, só tenho relato de testemunha, preciso que a perícia comprove de onde são os projéteis que estavam no corpo deles e aí eu entro na Justiça com uma ação. Também vou pedir pensão para os dois filhos da vítima”, explicou.
Versão da polícia 
Segundo a Polícia Militar, uma equipe da 26ª CIPM realizava rondas na Rua Daniel Lisboa quando foi informada por moradores de que um grupo de homens armados estaria comercializando drogas no Brongo. No local, os PMs visualizaram os suspeitos que, ao avistarem os policiais, efetuaram disparos de arma de fogo contra os agentes, que responderam.
“Após os disparos, a guarnição prosseguiu a pé, logo adiante se deparou com uma mulher e uma criança caídas ao solo. De imediato, os militares socorreram a criança”, informou a PM em nota. “Ao retornar para prestar socorro à mulher, a guarnição foi hostilizada pela população, que não permitiu o socorro, afirmando que ela só sairia do local com a chegada do Samu. Subsequente, os pms foram informados que a mesma veio a óbito no local”, acrescentou.
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Correio

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