Retirada de casa pelo BDM, mulher vive com os filhos na rua e depende de doações; “já pensei em tirar nossas vidas”

Do Aratu On parceiro do Fala Genefax
Uma mãe e quatro crianças sem ter onde morar. O motivo? “A facção me tirou de casa”, afirma a cuidadora de idosos que, nesta reportagem, vamos chamar de Maria, de 40 anos, para proteger sua identidade. Em entrevista nesta quarta-feira (21/6), ela se emocionou ao relembrar o motivo que a fez perder a casa.
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“Minha casa tinha uma varanda na frente e um quintal no fundo”, detalha. Ainda por conta do medo, ela não quis dizer o bairro em que morava. O tráfico na região, porém, é dominado pela facção Bonde do Maluco (BDM),
“Eles queriam passar e guardar as coisas deles. Eu chamava a atenção direto, porque eu trabalhava e deixava meus filhos. Toda vez que eu chegava, a gente vivia trancado. E, quando a gente abria a varanda ou quando eu vendia cerveja na porta de casa, a gente não podia ficar com o portão aberto, que eles passavam e não pediam nem licença”.
A cuidadora relata ainda que, constantemente, era ameaçada sempre que questionava a atitude dos bandidos. Por causa do clima de insegurança, como ela relembra, a saúde ficou abalada. “Minha pressão subiu demais e eu infartei”.
Depois de quatro dias, teve alta médica do hospital e, já em casa, se viu em meio a um pesadelo. “Minha casa estava toda revirada, eu não tinha mais nada. Há dois meses, eu tinha reformado a casa toda. Não tinha televisão, não tinha mais nada, perdi tudo”, afirma. Atualmente, ela e os filhos usam roupas que foram doadas.
AJUDAS
“Até agora, não caiu a minha ficha. Eu sou o pai e a mãe de meus filhos, eu lutei para dar uma vida aos meus filhos. Foi muito tempo de trabalho para dar conforto aos meus filhos e, hoje, eu me vejo na rua. No dia que tem, a gente tem onde dormir. No dia que não tem, a gente dorme no meio da rua”, confessa, enquanto segura a mão do filho mais novo.
Há dois meses, Maria e os filhos contam com a ajuda de amigos para sobreviver. E foi um deles que doou um terreno em outro bairro, para que ela pudesse construir um novo lar. “Eu só queria que tivesse um ‘vão’ para eu dar aos meus filhos”, desabafa, afirmando que, com apenas um cômodo construído, ela já garantiria um teto para a família.
“Eu não aguento mais. Já pensei até em tirar a minha vida e de meus filhos. Eu nunca me vi numa situação dessa que eu estou vivendo. Eu só peço ajuda pelo menos de um ‘vão’ para eu colocar meus filhos dentro”, apela.