“Sou julgada por corruptos”, diz Dilma em Salvador sobre impeachment

A presidente Dilma Rousseff entregou, nesta segunda-feira (26), 2.800 unidades habitacionais em Salvador, beneficiando mais de onze mil pessoas. Os dois empreendimentos, o Residencial Coração de Maria e o Lagoa da Paixão STR, construídos por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, estão localizados na Estrada da Pedreira, Cassange, atrás do CEASA. O governador Rui Costa também participou do ato, além de outras autoridades da base aliada.

Antes da cerimônia, durante a chegada de Dilma, um grupo de manifestantes deu um “abraço coletivo” na presidente. Os governistas entoaram a frase “Não vai ter golpe” várias vezes. Durante o discurso, a presidente chamou o governador Rui Costa de “combativo e guerreiro”. Ela também agradeceu aos 24 deputados baianos que votaram contra a admissibilidade do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.

“Quero dizer para vocês que, é um imenso orgulho estar na Bahia. A Bahia me deu muitos votos para ser eleita presidenta da República. […] A Bahia me deu também, naquele domingo, o maior número de votos por estado da federação. Agradeço aos 24 deputados federais que tiveram a coragem e a dignidade de votar contra o golpe”, enfatizou Dilma.

Dilma também exaltou os avanços nas áreas de energia elétrica, educação, saneamento básico e habitação durante os governos petistas na Bahia: “É uma tentativa de golpe contra um mandato legítimo. Eles falam que o impeachment é previsto na Constituição, só que eles não completam a frase. É permitido o impeachment quando há crime de responsabilidade. Só que eu não cometi nenhum crime de responsabilidade. É golpe porque não há crime”.

“Nunca recebi dinheiro de propina. Nunca recebi dinheiro no exterior. Eu não sou acusada de corrupção. Eles me acusam de algo que vocês já escutaram: pedaladas fiscais. Mas que diabo são pedaladas fiscais? Nós fazemos transferência de renda. O que significa isso? Nós pegamos uma parte do orçamento público e transferimos para uma parte das pessoas que mais precisam. Seja no Bolsa Família e no Minha Casa, Minha Vida”, explicou Dilma.

“Sou acusada de algo que é praticado no país desde 1994. Passou 95, 96, 97… chegamos nos anos 2000. Passou 2001, 2002… Chegou no meu governo e virou crime. Isso significa o quê?! Dois pesos e duas medidas. Isso significa uma injustiça. Sou vítima de uma grande injustiça”, completou.

Dilma ainda afirmou que está sendo julgada por corruptos. “Muitas das ações que me acusam eu sequer fiz o ato. Como não acharam nenhum outro motivo, como aqueles que me acusam praticaram… Eles têm acusação, eu não tenho acusação. Quem me julga é corrupto”, disse Dilma, alfinetando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Essa pessoa, todo mundo sabe, tem conta no exterior. É acusada pela Procuradoria Geral da República”, acusou.

“Nós somos um país que conquistou a democracia com muita luta, com mortes, com torturas… com muita dificuldade para chegarmos na democracia. Nós vivemos num Estado Democrático de Direito. A lei que vale para mim, vale para todo mundo. Todo o poder vem do voto popular direto. Esse impeachment sem crime, que é golpe, na verdade, é uma tentativa de fazer uma eleição indireta por aqueles que não tem voto”

Nos momentos finais do discurso, Dilma disse que os programas sociais estão ameaçados com o provável governo Michel Temer, que deve ser instalado após a votação da admissibilidade do impeachment no Senado. “É possível sair dessa dificuldade sem atingir os programas sociais”, afirmou a presidente.